“A “concorrência” obrigou a uma subida de 0,25% nos depósitos a prazo e de 0,5 pontos percentuais no crédito.”

 

Com o início da guerra colonial (1961) verificou-se um movimento de certo pânico, que conduziu a levantamentos significativos que chegaram a preocupar a direcção da CCAMB. No entanto, no último trimestre a situação normalizou-se. Nos anos imediatamente a seguir, face à “fuga” dos agricultores para a banca comercial, por a Caixa estar impedida de aumentar os financiamentos – mantinha-se o problema da insuficiência do valor cadastral – a direcção da CCAM manifestava as suas preocupações, considerando a legislação “decrépita” e “desfasada da realidade”. A “concorrência” obrigou a uma subida de 0,25% nos depósitos a prazo e de 0,5 pontos percentuais no crédito.

As boas notícias surgiram em finais de 1966, quando foram finalmente aplicadas as “matrizes cadastrais das propriedades rústicas” (Cadastro Geométrico), o que viabilizou a actualização dos valores cadastrais e permitiu o desenvolvimento das operações de crédito. Só que, a uma boa notícia se seguiu imediatamente mais uma decisão lesiva dos interesses do movimento mutualista: em 1967, por despacho de 9 de Agosto, os depósitos a prazo existentes nas Caixas de Crédito Agrícola passaram a pagar imposto de Capitais. Esse facto, a concorrência do mercado de capitais e da dispersão do crédito, colocou as Caixas em situação complicada, a obrigar a intensa movimentação de “bastidores”.

Referia, muito ao estilo da época, o relatório de actividades desse ano da CCAMB  que havia esperanças na acção de “um muito ilustre Membro do Governo que se debruçou sobre o assunto [Imposto de Capitais], a pedido das Caixas afectadas, e o tem em aturado estudo”. O “aturado estudo” teve resultados práticos em Abril de 1969, quando, por decreto-lei, foi abolido o Imposto de Capitais sobre os depósitos e, em simultâneo, foram eliminadas as limitações à concessão de crédito por parte das Caixas. Os resultados foram imediatos, com um grande afluxo de depósitos.

Neste período a CCAMB manifestava com regularidade a sua preocupação face à dificuldade cada vez mais acentuada em conseguir-se mão-de-obra para a agricultura – a emigração e a guerra colonial estavam na origem de um problema que, defendia a Caixa, poderia ser minorado com a mecanização da lavoura.